5 de novembro de 2012

QUANDO OS DEUSES INVEJAM OS MORTAIS!


As eras passam, as gerações ultrapassam a linha insofismável do tempo, e os anos são testemunhos, mais do que vivos, de estórias infindáveis; e, neste desenrolar de fatos inumeráveis, há segredos, que jamais foram revelados e nem tampouco alteraram determinadas paisagens, que nos acolhem e nos dão a plena satisfação de puro prazer. O café é um desses mistérios, que nos acompanha, ao longo do sinuoso e enigmático percurso, que é a Vida. Assim, o Ouro Verde é cúmplice de todos os momentos importantes que vivemos. Silenciosos e saborosos, o café nos aquece: por dentro e por fora. Nas mais variadas formas, densidade, tipos e quantidade, o café é sempre discreto. Além disso, para quem conhece a sua condição de realeza, é amistoso, altaneiro e essencial nas mesas das pessoas dotadas de um espírito raffiné.


Deliciar um bom café - e um bom café é aquele que é feito com carinho, qualquer que seja a sua origem - é sentir o corpo dele dentro da gente! Encorpado, o café é uma bebida, que nem os deuses sabem dos bons efeitos, que causa, e dos benefícios, que, também, traz para a nossa saúde; embora há muitos ignotos tentem demonizá-lo, mas, felizmente, sem sucesso, porque o café é a única bebida no mundo, talvez a mais popular, que goza do status de iguaria sublime, e que, simultaneamente, está ao alcance de todos: desde reis e rainhas até os anônimos mais simples, destituídos de sangue azul, e, também, de grandes somas de dinheiro no banco. O café é isto: derruba todas as fronteiras ideológicas, culturais e econômicas; não tem preconceitos e tampouco é discriminado. Está em todos os lugares, está em todas as mesas; é saboreado por todas as línguas e gargantas; e não há limites para a criatividade, pois, a cada dia, o Ouro Verde é reinventado para a felicidade de seus aficionados.


Perfeito em sua constituição - do aroma inconfundível à cor que a todos seduz -, um suave veneno, o café não entorpece almas ou alucina pessoas. Na verdade, curto ou longo; doce ou amargo; puro ou misturado, o café é um coadjuvante, sem similares à altura, no processo de oxigenação cerebral, e, portanto, um estimulante natural, que nos auxilia, todas as manhãs, quando despertamos para as longas jornadas que enfrentamos diariamente Ele é o nosso companheiro nas horas de reflexão, de dor, de espera, de ansiedade, bem como nas horas de alegria, de confraternização, de comunhão; e nas grandes decisões da vida. Quem não compartilhou uma ideia fascinante ou celebrou um negócio imperdível ao lado de uma boa xícara de café? Na maioria das vezes, nem percebemos, mas ele está lá, ao fundo, ou completando um cenário que, para nós, é vital, pois ter o Ouro Verde, à mesa, é uma questão cultural conjugada com um estado de espírito enlevado; ou uma tradição, que não pode ser rompida. Antes, é mais do que tudo isto. Tê-lo como companhia é prova inequívoca de que temos estilo.



Enebriante sem conter ácido etílico, o café, ao ser percebido, através da sua fumaça, simultaneamente, no momento exato do seu preparo, e sentido, através do perfume único, que é acentuado com a infusão, tem o poder suficiente para aguçar e estimular a máquina, que é o nosso corpo, na hora em que o pó, deliciosamente, se transforma em bebida mais do que apreciável, mais do que degustável; simplesmente necessária em nossas vidas, seja nas manhãs ensolaradas ou chuvosas, seja nas tardes; e até nas noites frias, e, às vezes, solitárias. O aroma agradável, que nos envolve, nos leva, é claro, a deliciar esta bebida de cor escura, quente, e que, por sua vez, desafia as altas temperaturas do verão, pois, fraco ou forte, doce ou amargo, o café é, também, isto: uma bebida kit. Cada um monta como quiser, bebe como preferir, quando desejar, com quem pretender, ou, também, completamente sozinho ou sozinha, pois o café é um excelente partner!



O café é sensual, é atraente, é prazeroso - características inerentes ao ser humano e que torna aquele em um elo indissociável do cotidiano de todos. É verdade incontestável que nem todos gostam de café, mas é sentença quase absoluta, que esta bebida, de sabor único no planeta, a cada dia que passa, está sendo redescoberta, através das inúmeras marcas, franquias, lojas especializadas, cursos; e até a ciência, que se transformou na maior aliada do Ouro Verde, tem fomentado e liderado pesquisas de grande porte a fim de dirimir as dúvidas quanto aos possíveis malefícios, que aquele pode desencadear, no seu uso diário, desmistificando, assim, uma sentença falsa acerca desta bebida requintada, e descobrindo, principalmente, os benefícios que este líquido precioso causa ao ser experimentado, consumido. O café, indubitavelmente, está presente em todos os menus, cardápios, manuais de etiqueta etc; e figura,  como tópico relevante, em teses medicinais. Como, então, refutar os efeitos terapêuticos do café nos dias atuais?



Dos grãos colhidos, artesanalmente, ao seu destino final - um diamante real em líquido -, o café revela muitos mistérios e impõe novos desafios àqueles que buscam compreender, para além de sua origem, quase legendária, o seu alcance, na vida das pessoas. Integrado à aura humana, o Ouro Verde é um elo singular capaz de reunir pessoas comuns, religiosos, artistas, intelectuais, cientistas, além de viabilizar oportunidades de toda sorte; confraternizações, encontros, dos mais variados; e tudo que resvale para o ato de comungar ideias empreendedoras. Pacificamente, o café produz esta atmosfera dionisíaca quando o bom senso, o equilíbrio e a inteligência dão o tom de sua presença na roda viva, que é a aldeia global, onde todos, invariavelmente, sonham com dias sempre melhores. Do real ao virtual, o café transpõe barreiras e atualiza-se como ícone em franco crescimento nas redes que se multiplicam e socializam tribos de linguagens e bandeiras distintas around the World.


Ciberizado, o café, na era digital, é sinônimo de conexão, consagrando-se como mega-símbolo na rede mundial de computadores. O Ouro Verde constitui-se na palavra - chave para acessar os modos on line, off line, ausente, ocupado dentre outros. Sua atmosfera emblemática transformou a palavra CAFÉ em senha para adentrar mundos virtuais e navegar em espaços sem fronteiras; infinitamente matemático, ensaiando e realizando possibilidades inimagináveis para quem navega nas ondas virtuais. Entronizado como índice no universo on line, o Café é alçado à categoria divinal sem ter pertencido jamais às esferas nas quais transitam os deuses, que, impressionantemente, conhecem somente manás e néctares. 



Sorver um delicioso café é atingir o paraíso, que pulsa em nos nossos corpos, tocando suavemente o céu da boca. É banhar a língua desinibida e nua em uma espuma, que ilude as brumas marinhas; é sentir, na negritude da água perfumada, os vapores que, um dia, celebraram o nascimento do planeta. Ao degustarmos este líquido aromático, que se confunde com os incensos mais sagrados que existem no mundo, religamo-nos à nossa natureza perdida, que, por mais distante que estejamos dela, somos, ainda, revigorados pelos deleites incontáveis, que a Vida nos oferece, gratuita e incessantemente. Assim, diante da exuberância, que transforma o Ouro Verde nesta bebida única no Universo, eis a grande questão: o que seria do mundo sem o CAFÉ? Com certeza, seria mais melancólico, menos produtivo, menos fraterno, e, portanto, menos feliz.



Enquanto os deuses, poderosos e eternos, nos invejam em suas moradas celestiais; nós,   êfemeros mortais, na terra, onde pó e existência se confundem, teluricamente, saboreamos um café primoroso! Que tal uma chávena, Cafenauta?

20 de janeiro de 2012

Ouro Verde: saboreando a sua história...

O Café: suas estórias, lendas e mitos
 Parte I  

               

A fascinante saga do café, também conhecido por Ouro Verde, desde a sua origem, arrebata historiadores, pesquisadores e apreciadores tal qual o sabor desse fruto que, tornado bebida, encanta a todos no mundo, e, dessa forma, ocupa o primeiro lugar entre as bebidas mais populares, curtidas e sorvidas no planeta.

Segundo diversas fontes históricas, há cerca de aproximadamente trezentos anos, o café conquistou o seu lugar nas sociedades civilizadas, desde o Oriente até o Ocidente. No entanto, o grande mistério repousa sobre a sua descoberta e como se deu a transformação do fruto in natura em bebida cultuada e incorporada ao cotidiano de vários povos e de várias nações.

Uma vertente histórica, mas sem comprovação exata, narra a estória de um certo pastor de cabras, de nome Kaldi, que, ao perceber que parte de seu rebanho tinha o comportamento alterado, após mastigarem um fruto estranho, passou, então, a observá-las por um determinado tempo. Ao concluir que tais cabras ficavam mais estimuladas do que as outras, o pastor também experimentou os frutos, até então desconhecido por todos, e sentiu o efeito estimulante, maravilhando-se com a planta.

Kaldi decidiu contar o fato a um religioso, levando a planta a um mosteiro, mas seu intento não logrou o êxito que esperava. A planta e seus frutos foram condenadas por serem tratadas como ervas demoníacas pelo líder do mosteiro, e, assim, o humilde pastor fora expulso com sua descoberta, que, para ele, era um presente dos céus. Kaldi, desolado, ateou fogo na planta, uma vez que fora desacreditado pelo abade local.

Os frutos da planta, ao serem queimados, exalou um perfume singular e nunca sentido por qualquer pessoa até aquele momento, despertando a curiosidade de todos. O aroma inigualável fez com que o abade mudasse de opinião e sugerisse a Kaldi o recolhimento dos grãos tostados juntamente com suas cinzas. Em seguida, o abade  ordenou que os grãos fossem mergulhados em água fervente, provocando a infusão, para ver se se assemelhava a um tipo de chá diferente. Após a infusão e o aroma que agradava a todos os monges, o abade e os outros religosos experimentaram a bebida, ainda amarga, e experienciaram, além do estímulo, uma energia que os mantinham acordados durante várias horas seguidas.

A notícia da planta que virou bebida saborosa e de efeitos peculiares alcançou outros monastérios, que adotaram o café para ser bebido nos longos períodos noturnos de oração e meditação; e, a partir daí, a fama do Ouro Verde conquistou definitivamente a Humanidade.